terça-feira, 17 de julho de 2007

Rádio Escuta Solidária.

Amigos e amigas.

Conforme conversamos no nosso último encontro, ficamos com a tarefa da pesquisa de estações de rádio que servirá de base para uma atividade do próximo encontro. Portanto, comente esta postagem segundo os tópicos abaixo:

Identificação da rádio selecionada para pesquisa. (nome da rádio, dial...).
Descrição do tipo de música e conteúdo (notícias, esporte, política - música instrumental, canção, popular, erudito, brasileira, mix??? gêneros, exemplos de artistas e trechos de músicas...).
Caracterização dos locutores (voz masculina ou feminina, linguagem formal, jovem, uso de gírias).
Exemplos de propagandas veiculadas (tipo de produto, exemplo de jingle...).

Abraços,
Mica.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Tarefas 1 e 2.

1- Qual é o primeiro som que você ouve quando acorda?

2 - O silêncio é enganoso. Experimente encontrá-lo.

Com propostas simples como essas, podemos refletir profundamente sobre como nos relacionamos com o "ambiente sonoro" e o que os sons e a escuta dos sons (e do silêncio) dizem sobre nós.

Comente! Deixe aqui as suas respostas.

Som poema.

“Som poema

Se existe silêncio e som –
Silêncio sem silêncio é som
Silêncio cheio de som é som
Som sem som é silêncio
Som cheio de som é som
Som cheio de silêncio é silêncio
Silêncio cheio de silêncio é silêncio
Silêncio sem som é som
Som cheio de silêncio é silêncio

Se não existe o silêncio –
Silêncio sem silêncio é som
Silêncio cheio de som é som
Som sem som é som
Som sem silêncio é som
Silêncio sem som é som
Som cheio de som é som
Som cheio de silêncio é som
Silêncio cheio de silêncio é som
Silêncio sem som é som
Som cheio de silêncio é som"

*extraído do "o ouvido pensante" - Schafer.

CEU Perus.

A primeira turma iniciou-se no dia 11 de Junho de 2007, no teatro do CEU Perus, com apenas uma ausência entre os inscritos. Os oficineiros surpreenderam-se com a disposição e participação das pessoas formadas por estudantes, atores e professores. Nestas oficinas a dupla de oficineiros pode aplicar as propostas previamente organizadas e nas reuniões artisticas-pedagógicas programadas entre os dias das oficinas, puderam também avaliar os resultados e a eficiência dos jogos e exercícios na tarefa de reflexão sobre a música, integração do grupo, consciência do indivíduo em seu ambiente sonoro e transformação e reformulação de conceitos e consciência musical dos participantes.
A oficina, na prática, já desde seus primeiros encontros revelou seu caráter de integração dos indivíduos no grupo promovendo a inclusão das diferenças e formação de uma “comunidade de irmãos”, na síntese do que denominamos a “escuta solidária” – a consciência do “ouvir a si mesmo e o outro”, compreendendo as diferenças, mas sobretudo, as semelhanças nas diferenças.

Escuta solidária - uma introdução.

“O ouvido, este órgão do medo, só alcançou tanta grandeza na noite e na penumbra de cavernas obscuras e florestas, bem de acordo com o modo de viver da era do receio... Na claridade do dia o ouvido é menos necessário. Foi assim que a música adquiriu o caráter de arte da noite e da penumbra.”
Nietzsche

A idéia desta oficina surgiu da experiência de anos dos oficineiros em trabalhos de criação, musicalização e direção musical para grupos de teatros amadores e profissionais. Vindos de uma formação musical acadêmica, a dupla de arte-educadores Amilcar Farina e Marko Concá, percebeu na prática, uma consequência “nefasta” da especialização das áreas artísticas: a dissociação do artista em domínios restritos - teatro, dança, música etc. Ao mesmo tempo, vislumbrou a riqueza de uma expressão artística livre de amarras, percebendo com inteligência a amálgama do que é ser artista-cidadão.

A complementaridade entre os dois campos, música e teatro, passou a ser então o primeiro estágio em busca de uma integração artística e social. Para alcançarmos o objetivo de uma verdadeira “música cênica” devemos primeiramente passarmos por um saudável exercício de desapego de técnicas e regras já conquistadas dentro da área específica de cada um. Tal abertura torna a experiência da expressão artística mais profunda. Assim como a integração entre corpo e som no gesto musical torna a vivência musical mais intensa, a importância da escuta, o ouvir o outro, e a evidência de uma escuta com intenção, trás profundidade e enriquece o trabalho cênico.

A ponte que propomos para esta integração é a escuta que aparece como um sentido extremamente atrofiado em um mundo contemporâneo onde as imagens prevalecem. Para tal, solicitaremos a experiência mais fundamental da escuta de si-mesmo, assim como a escuta do outro e do nós, em exercícios cênicos-musicais que revelam e sensibilizam o sentido de uma escuta revigorada. O resultado desta ampliação da escuta deve ser acompanhado de exercícios de criação pautados no improviso – a criação espontânea e imediata que desobstrue e fortalece os canais criativos. Como nos lembra Stephen Nachmanovitch

(…) trabalhar a criatividade não é uma questão de fazer surgir o material, mas de desbloquear os obstáculos que impedem seu fluxo natural.

Como fundamentação teórica para o que denominamos a “escuta de si-mesmo” nos orientamos pelo conceito de “imaginação ativa”, tal como proposto pelo psicólogo suiço C. G. Jung: a escuta e o diálogo com os conteúdos inconscientes. Por outro lado, no campo da escuta coletiva e social, o músico canadense Murray Schafer aparece como principal influência, com uma preocupação voltada para uma “ecologia acústica”, questionando-se sobre a relação do homem e a paisagem sonora.
Ao longo dos encontros vivenciaremos diferentes modos de escuta e criaremos a partir destas experiências. Pretendemos enfim, dar a direção para um modo de escuta solidária, na qual o indivíduo criativo, consciente de si-mesmo e de seu papel no grupo tem uma clara intenção de apoio mútuo e compartilhamento: uma escuta de quem “estende a mão”, visando assim a formação de um artista-cidadão.

A importância da escuta.

“O ouvinte imerso em seu universo sonoro, afasta-se de uma escuta habitual e condicionada e, como um compositor, experimenta e escuta o seu próprio trabalho de ouvir.”
Fátima Carneiro Dos Santos

No contexto de uma grande métropole, caótica, frenética, competitiva e recheada de grandes multidões de seres solitários, o trabalho de sensibilização da escuta se reflete num cidadão mais consciente de si-mesmo e do outro, reorganizando e harmonizando assim as relações e funções dos indivíduos em seu grupo. O trabalho artístico, de expressão e consciência é amplamente conhecido como regulador e renovador do organismo individual e social.

Pesquisa e bibliografia sugerida.

Por tratar-se de uma proposta inédita de educação musical no Brasil, o presente projeto iniciou-se com uma extensa pesquisa bibliográfica. O projeto é em termos gerais, a aplicação e adaptação das propostas do educador e compositor canadense Murray Schafer, reconhecido pelos seus trabalhos de musicalização e, principalmente, por suas proposta de conscientização ecológica, sintetizadas pelo termo “ecologia acústica”.
Nesta primeira etapa foram realizados uma série de leituras de obras, com análises e adaptações de exercícios e jogos musicais de livros, de como por exemplo: “O ouvido pensante” e “Afinação do mundo”, ambos de Murray Schafer e “A música dos sons da rua: por uma escuta nômade” de Fátima Carneiro dos Santos.
Segue uma relação de livros cujo conteúdo está estreitamente ligado as propostas da oficina "escuta solidária":

BOAL, Augusto. 200 Exercícios e Jogos. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira,1979.
SANTOS, Fátima Carneiro dos. Por uma escuta nômade: a música dos sons da rua. São Paulo: EDUC, 2002.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
SCHAEFFER, Pierre. Tratado dos objetos musicais. Trad. por Ivo Martinazzo. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1993.
SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. Trad. Magda R. Gomes da Silva, Maria Lúcia Pascoal. São Paulo: Ed. Universidade Estadual Paulista, 1991.
SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1979.
WISNIK, José Miguel. O Som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Locais e datas das oficinas.

Olá.

Abaixo vai a relação de locais e datas das oficinas do "escuta solidária" em 2007.

Em andamento:
1 CEU Perus
Segundas, das 14 às 17h.
11 de Junho a 30 de Julho.

Próximas turmas:
2 Centro Cultural da Juventude
Quintas, das 14 às 17h.
9 de Agosto a 27 de Setembro.

3 Ceu Aricanduva
Sábados, das 9 às 12h.
11 de Agosto a 29 de Setembro.

4 CEU Cidade Dutra
Quintas, das 19 às 22h.
4 de Outubro a 29 de Novembro.